segunda-feira, 2 de abril de 2012

SOBRE GÊNERO, SOCIEDADE E RESPEITO AO PRÓXIMO

Hoje assisti o documentário sobre a vida e trajetória artística de Ricky Martin e fiquei simplesmente tocada com os relatos dele sobre todos os conflitos vividos durante sua vida.
Ouvindo-o falar sobre as cobranças externas em relação a sua sexualidade e todo o sofrimento enfrentado até conseguir ter a maturidade suficiente e o esclarecimento de que poderia sim se assumir publicamente gay, pude perceber claramente o quanto somos cruéis como sociedade, quando desejamos arrancar do outro aquilo que é dele, e só dele, como o direito de falar de si, das suas preferências, inquietações e desejos.
Toda a dúvida vivida por este homem foi claramente expressa na sua fala, na sua percepção do que se passava ao seu entorno. Mas o que me facinou neste documentário foi a coragem e a ousadia que teve em saber esperar o seu tempo, independente do que lhe era cobrado insistentemente por todos, fãs, imprensa, o mundo a sua volta.
Diferente de muitos outros artistas, Ricky teve uma trajetória impecável, dedicado, objetivo no que desejava da sua carreira e em momento algum buscou nas drogas ou comportamentos impulsivos refúgio para toda a dúvida que vivia, assumir ou não para o seu público a sua vida íntima. Foi desenvolver sua espiritualidade, sua fé, sua crença e através deste canal encontrou o que sempre procurara para fazer a revelação mais íntima de sua vida, a coragem e a paz de espírito.
Este relato me remete a vários questionamentos: Que sociedade somos nós? Onde queremos chegar se ainda somos tão hipócritas ao ponto de intimidar o outro nas suas decisões mais preciosas? Que mundo queremos, pois falamos tanto em diversidade cultural, mas ainda somos tão seletivos e exclusivos?
Está na hora de descermos do salto, abaixarmos a cabeça e olharmos para dentro de nós mesmos, nos reinventarmos e percebermos que não temos direito algum sobre os outros, que precisamos permitir a liberdade de escolha para também sermos livres. Tudo é uma questão de gênero!

quarta-feira, 21 de março de 2012

CIRANDA DE HISTÓRIAS


PROJETO:
CIRANDA DE HISTÓRIAS
PROFESSORA:
SILVANA CORRÊA

Durante o 1º semestre as crianças foram convidadas a participar da CIRANDA DE HISTÓRIAS INFANTIS.
O hábito da leitura deve ser desenvolvido desde cedo na vida da criança, pois é
ouvindo histórias, apreciando livros e recontando histórias que ouve, que irá
descobrindo o prazer na interação com os livros e a magia que eles
proporcionam, além de aproximar se das
pessoas da família, independente da idade que têm.
Ao
ler a criança descobre um mundo de entretenimento, onde tudo cria vida, é
mágico e encantador. Entra em contato com o universo dos desenhos, das cores e
das letras o que favorecerá muitas descobertas que auxiliarão no seu
desenvolvimento.
Estudiosos
do desenvolvimento infantil afirmam que ao ler para as
crianças
estaremos favorecendo o desenvolvimento de no mínimo quatro habilidades básicas
do raciocínio: atenção,memória, capacidade de resolver problemas e a linguagem.
Cada
semana uma criança levava para a sua casa a BIBLIOTEQUINHA MÓVEL e escolhia uma
história para apresentar aos colegas. Como nesta faixa etária as crianças ainda
não dominam a leitura, eles a contavam com suas próprias palavras. Foram
momentos mágicos vividos por nosso grupo, pois todos ficavam atentos ouvindo e
observando o colega. Surpreendente foi a postura de respeito que todos
evidenciaram em relação a quem estava na posição de leitor.
Esta
experiência afirmou aspectos de que devemos dar oportunidade para que as
crianças possam experimentar outras situações na sala de aula, onde tenham a
possibilidade de mostrar o seu potencial criativo, mesmo que para isto tenham
que dominar a timidez ou contar com o apoio do professor, pois só assim se
verão como pessoas capazes o que também irá refletir na sua autoimagem positiva.



quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

EQUIPAMENTOS E ESPAÇOS NÃO GARANTEM UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE

Enganam-se os pais e dirigentes de escolas que pensam que computadores, pátios com brinquedos diferenciados e salas temáticas ~garantem a qualidade do ensino e as aprendizagens dos alunos.
Isto não é suficiente e tão pouco essencial para que os alunos construam conhecimentos, desenvolvam habilidades e competências.
A escola de qualidade precisa ter profissionais qualificados, motivados e articulados com os aprendizes. Pois hoje não basta dominar conteúdos específicos, é preciso saber cativar e motivar os alunos para que eles desenvolvam habilidades e competências.
Aprender envolve envolver-se com o outro, seja no pátio ou na sala de aula. Apenas disponibilizar brinquedos ou tablets não garante que conhecimentos estejam sendo construídos. É preciso agir e interagir com o aprendiz, desafiá-lo, mobilizá-lo e instigá-lo a ir adiante do que é mostrado pelo professor.
Mesmo no pátio, se não houver alguém que interaja com as crianças e as instigue a explorar os espaços e brinquedos, estas deixarão de descobrir outras formas de ser e agir sobre os mesmos.
Portanto, ao escolher a escola de seu filho, procure saber muito sobre os profissionais e como estes atuam junto as crianças. Observe se são felizes, seguros e se sentem valorizados pelo que fazem, pois educar envolve afetos, sentimentos, competências, habilidades e principalmente relações prazerosas. Um profissional motivado saberá explorar muito melhor os ambientes, os espaços e os equipamentos que a escola disponibilizar.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

PROFESSOR TAMBÉM PRECISA DE TEMPO PARA SE ADAPTAR

É comum nas escolas ocorrerem os tão falados seminários de início de ano.
Inicio dizendo que sou contra, pois assim como os alunos, os profissionais estão retornando das férias e necessitam de tempo para retomarem a rotina, o pique e o que é promordial terem tempo de se adaptarem aos novos alunos que estão recebendo.
O foco neste momento deve ser o aluno, a acolhida, e só o professor pode fazer isto. Eles precisam de tempo para se conhecerem, para fazerem as amarras, criarem os vínculos, pois aprendizagem está associada a afeto e relações prazerosas.
Então, cabe aos gestores terem a sensibilidade de permitir esse encontro íntimo entre os atores principais.
Depois, no docorrer do ano façam as reuniões de planejamento, tragam profissionais para qualificar a equipe, promovam momentos de educação continuada.
Tenho certeza de que todos aproveitarão mais esses momentos e sem dúvida terão mais a contribuir, pois a inquietação da adaptação já terá passado e as turbinas estarão aquecidas para novos voos.

LER É O MELHOR REMÉDIO

O que a leitura pode proporcionar além de conhecimentos e informações?
Um universo de possibilidades, pois através da leitura podemos viajar, comparar situações e realidades, acalentar inquietações, nos permitir saber sobre tudo o que quisermos, sem ter que pedir o aval de ninguém.
Hoje muitas pessoas buscam a auto-ajuda na leitura, comparam problemas e se fortalecem através dos depoimentos que lêem, descobrindo que seus problemas também são ou já foram problemas de outros, com muitas semelhanças nos detalhes. É claro, somos humanos e como diz uma das frases mais usada da atualidade "só muda o endereço".
A leitura supre a necessidade de amigos, pois quando estamos longe e não podemos vê-los ou visitá-los, enfim ter contato, a leitura nos aproxima de novos seres, fatos, realidades e nada nos cobra, muito pelo contrário, nos abastece com riqueza de detalhes dos mais diversos assuntos.
Não exite, entre no mundo da leitura e terás o mundo a seus pés.

quarta-feira, 17 de março de 2010

A ESCOLA, A FAMÍLIA E A CRIANÇA DE 3 A CINCO ANOS




Ao iniciarmos o ano letivo, a inquietação é saber como as crianças enfrentarão essa nova etapa. Pais, professores e as próprias crianças mostram-se inquietos diante da nova realidade, dos desafios que surgirão, de como intervir e ajudar, respeitando o tempo e o ritmo de cada um.
Antes de qualquer reflexão, é importante lembrar que todas as crianças são competentes e capazes de construir novas aprendizagens. No entanto, para que isso ocorra é preciso que haja um desejo interno de querer fazer novas aquisições.
“As funções executivas são modeladas por muitas influências educacionais e compreendem um conjunto de habilidades e de conhecimentos. As funções executivas podem ser ensinadas de alguma forma direta, pois seus elementos mais precoces começam com as interações pais-filhos e expandem-se muito nas brincadeiras. Depois, florescem em atividades acadêmicas, sociais e recreativas mais complexas. Crianças se tornam mais efetivas como executoras pessoais quando são desafiadas para sê-lo”.
Entre 4 e cinco anos a criança vive um conflito entre o sentir-se mais segura e capaz para realizar várias coisas sozinha, pois está deixando de ser egocêntrica para tornar-se um ser mais social, capaz de dividir brinquedos e espaços com outras crianças e interagir em brincadeiras compartilhando a mesma proposta. Porém, ainda ocorrem recaídas e, muitas vezes, se mostra insegura, quer colo, atenção e principalmente ter a certeza de que os adultos continuam atentos a ela, pois isso lhe transmite confiança e lhe autoriza a prosseguir.
A criança nesta idade precisa sentir-se alguém, desenvolver o seu eu, a sua personalidade, descobrir os seus poderes e usá-los. Agora já tem noção do que é certo e errado, mas ainda necessita de que os pais e professores sinalizem o seu espaço e o do outro. É nesse período que começa a compreender com mais clareza as regras de convívio social, mas ainda não tem os instrumentos necessários para desenvolver plenamente sua consciência e seu autocontrole, precisa muito de regras, dos limites e da atuação dos adultos para orientá-la.
Na fase de 3 a 6 anos, a criança tem mais consciência do apoio, incentivo e respeito dos pais. Se todas as fases do seu desenvolvimento não dispensam essas coisas, esse momento é crítico e eles são ainda mais importantes. A experiência de aprovação paterna é imprescindível para que se sinta autorizada a crescer. A postura de confiança dos pais é a mola propulsora para que a criança queira ir adiante, aventurando-se em novas aprendizagens.
Autonomia é a palavra que denomina essa fase, pois agora já se expressa com clareza, verbaliza sentimentos e desejos, sejam eles de satisfação ou insatisfação diante do vivido. Vestir-se não é mais um desafio, assim como tomar um banho com supervisão e auxiliar no preparo de um lanche. Assim, permita e incentive a criança a realizar pequenas tarefas como, juntar brinquedos, organizar livros ou escolher uma roupa para vestir.
Crises de birra, choro, insistência diante de algo que a criança deseja muito é comum ocorrer, pois ela sabe o que quer e como consegui-lo. É essencial manter a calma diante dessas situações, evite alterar o tom de voz ou entrar no jogo da criança. Deixe claro o que deseja que ela faça e saia de perto, dando-lhe tempo para retomar o controle. Não tenha medo de dizer “não”, pois dizemos não quando amamos alguém e queremos o bem dessa pessoa. Quando retomar a calma, deixe claro que reprovou a sua atitude, porém o seu amor por ela continua o mesmo.
Quanto às atividades escolares, valorize suas produções, incentive-a a prosseguir fazendo novas aquisições, mostre-se disponível para ouvir seus relatos, mas quando ela não o quiser fazer, respeite-a. Naturalmente a criança conta sobre suas experiências e aventuras, seja na forma de relato espontâneo ou no momento em que brinca. Nesta etapa, ela começa a ter maior domínio sobre os objetos, e seus traços passam a ser mais elaborados, correspondendo ao que intenciona criar. Tenha a sua disposição materiais gráficos e incentive-a a recortar gravuras, fazer montagens com sucata ou mesmo com figuras. Não force situações indesejadas, pois o prazer nasce da naturalidade das ações.
Para finalizar, lembre-se de que amor e liberdade são indispensáveis para que a criança conquiste a sua autonomia em todos os sentidos, ganhando confiança, aceitando desafios e aprendendo a vencer insucessos. O nosso apoio e a nossa atenção facilitam o desenvolvimento da personalidade da criança e auxiliam na conquista do seu eu.
Texto construído pela professora Silvana, para reunião com pais.
Bibliografia de apoio: Escola de Pais: para que seu filho cresça feliz – Luiz Lobo, 1997.
Educação Infantil: Prioridade Imprescindível- Celso Antunes, 2004.
Revista Cérebro & Mente – edição 2004.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

MOMENTOS DE TRANSIÇÃO


CRESCENDO E VIVENDO AS TRANSIÇÕES DE CADA ETAPA


As transições acontecem ao longo da vida dos seres humanos e independente da fase ou idade, todas têm um significado ímpar e desencadeiam diferentes sentimentos. O importante é poder contar com o apoio de alguém para enfrentá-las e ir aos poucos dominando os sentimentos de medo, insegurança e inquietação.
Ao nascer o bebê vive a sua primeira transição, sai de uma realidade de vida, onde está mergulhado em água e rapidamente necessita aprender a respirar para iniciar uma nova etapa. Encontra-se aqui a primeira e talvez a mais radical das transições da vida humana e mesmo sendo o bebê um ser tão frágil, ele sobrevive.
Meses depois, a maioria das crianças inicia a sua vida escolar, pois com a fim da licença maternidade muitas começam a frequentar a pré-escola. Esse é um momento onde tanto os pais, quanto os bebês necessitam sentir segurança e acolhimento para conseguir dar conta do turbilhão de dúvidas e emoções que surgem nesse período. Cabe aqui que os profissionais da escola estejam conscientes da delicadeza desse momento e acolham não só a criança, mas também os pais com segurança, dando-lhes as explicações necessárias e mostrando-se dispostos a esclarecer todas as dúvidas que surgirem. Nessa etapa não é só a criança que precisará do “colo”, pois devido à fragilidade do bebê, os pais também se fragilizam.
Quando chega a época de ingressar na primeira série, outro momento de transição se apresenta e apesar da criança estar mais crescida, saber expressar seus desejos e inquietações, a situação não é menos delicado. O turbilhão de sentimentos que surge gera na cabeça da criança um grande desgaste. Ela tem medo de não dar conta da autonomia que estão esperando dela, tem medo das novas exigências, do novo ambiente e até da liberdade que irá experimentar. Um programa de visitas aos novos ambientes, momentos de vivências e contato com as pessoas que atuarão com a criança, é fundamental. É preciso criar um clima de acolhimento e afetividade, onde tudo soe como um convite prazeroso a criança.
Estou me detendo em falar das transições escolares, mas as mudanças de casa, de cidade ou mesmo de escola ou contexto familiar, são significativas para as pessoas, em especial para as crianças, pois estas necessitam de explicações claras e de tempo para serem ouvidas e fazerem as perguntas sobre a nova realidade que se apresentará.
Ao final do Ensino Fundamental I, quando há a transição da quarta para a quinta série, acontece outro momento importante para a criança. E então, pais e professores precisam estar atentos e disponíveis para responder aos questionamentos, que agora são feitos diretamente pela criança, pois a ansiedade é comum, as dúvidas são muitas e as emoções se misturam, entre momentos de alegria e satisfação por perceberem que estão crescendo, e o medo do novo. Conversar, deixar que perguntem, visitar o ambiente onde irão freqüentar as aulas, e até conversar com alguns profissionais e alunos, é fundamental para que tenham ideia do que viverão. E aqui cabe dizer que apesar de já estarem na quinta série, são ainda crianças e necessitam de atenção, ouvidos atentos e olhos empáticos, pois muitos autores vêm essa transição como um novo nascimento para a criança. Normalmente ocorrem as dores de barriga e de cabeça, que merecem atenção especial, pois podem estar sinalizando que a criança precisa de ajuda, de tempo, de atenção.
Nos anos que se seguem, com o corpo passando por muitas mudanças, pois a puberdade e a adolescência chegam e revolucionam corpo e a cabeça dos jovens, pais, professores e todos os envolvidos, precisam formar uma equipe e dar suporte, informações claras e como nas outras etapas, limites, pois muito do que foi feito até aqui, servirá de base e suporte para os comportamentos futuros.
E ao final do Ensino Médio, pensamos que eles conseguem dar conta de tudo, pois depois de tantas vivências e já crescidos, seria natural que deixassem a escola num clima de festa. Mas não é isso que lhes ocorre, os adolescentes muitas vezes suplicam a atenção dos adultos porque sabem que os desafios daqui pra frente serão outros. A redoma onde viveram até então se romperá e esperam mais deles. Então, alguns se rebelam, mostram-se agressivos, questionam regras, enfrentam autoridades. Há súplica por “me olhem e me ajudem, estou sofrendo”. Outros calam, negam-se a viver as despedidas, pois dói muito deixar esse ambiente seguro e aventurarem-se em novos caminhos, novas experiências e muitas vezes novas amizades.
A complexidade das passagens ou transições é singular para cada pessoa, por isso cada vez mais as escolas se preocupam em organizar esses momentos, considerando a sua importância e profundidade. Daí a necessidade de pensarmos com responsabilidade e particularmente importante tentarmos ver o mundo como as crianças e jovens das diferentes etapas o enxergam. Se partirmos da visão deles, do que sentem, poderemos realmente ajudá-los a enfrentar cada situação sem pressão, mas ajudando-os a descobrir o prazer das novas vivências e relações. Com afeto e interesse pela situação que se apresenta eles perceberão que é só mais uma etapa a ser vivida e com suporte, descobrirão que como das outras vezes irão dar conta.
Professora Silvana Corrêa