sábado, 27 de setembro de 2008

Um artigo publicado por mim na revista da escola

INVESTIMENTO PROMISSOR
Silvana Corrêa*
Diante das tragédias americanas que vimos na televisão, como estudantes portando armas e atirando nos colegas, reacende a reflexão de muitos pais sobre o rumo da educação que dão aos seus filhos, da necessidade de referências positivas e da postura diante da exclusão social. Esse assunto me reportou a uma frase que ouvi no curso de graduação, quando um professor fez o seguinte comentário: “Educamos muito mais pelo modelo que somos, do que pelo discurso que temos”. Na época, eu era uma jovem mãe e tinha muitas dúvidas sobre como educar meus filhos num mundo tão diverso e rico em informações. A partir de então fui amadurecendo esse pensamento e percebi que somos vitrines para os filhos, que nos observam nos mínimos detalhes, na forma como resolvemos conflitos, nas demonstrações de afeto, no comportamento que adotamos diante das diferentes situações que vivenciamos.
É nos pais que as crianças se espelham em primeiro plano, são eles que vão abrir as janelas das possibilidades às crianças. Somos modelos e referência na educação dos filhos. Ao escolhermos a escola onde nossos filhos vão estudar, devemos prestar atenção não só nos conteúdos que vão desenvolver, mas nas pessoas com as quais eles estarão boa parte do dia, na forma como expressam os afetos, e, também, é importante nos mostrarmos abertos a participar de todo e qualquer evento que ocorrer. Temos que nos sentir parte da escola, pois só assim nossos filhos vão sentir-se à vontade e confiantes nesse espaço. É como se estivéssemos semeando numa sementeira e precisássemos cultivar as plantinhas a longo prazo para colher um bom produto mais tarde, quando já estiverem na adolescência. Isso é fato. Todo o investimento afetivo que dedicarmos às crianças, nos primeiros anos do seu desenvolvimento, servirá de base e suporte para a formação da personalidade delas.
O trabalho não se esgota aí. As relações dos nossos filhos com os outros serão baseadas nas nossas relações. Cultivar amigos, se interessar pelo outro, mostrar-se solícito diante de situações novas, envolver-se, tudo isso precisa de referência. É preciso ter vivenciado essas relações para que elas sejam almejadas. Trocar visitas com os colegas desde o jardim de infância é um bom começo, pois, mais tarde, esses serão as companhias das festas e do grupo de brincadeiras que se estabelecerá. Conviver com um colega especial é também uma rica experiência de vida, pois é quando nossos filhos passam a perceber a diversidade social, aceitando o outro como ele é, dispondo-se a ajudá-lo, a ceder quando necessário e a esperar o tempo e a vez do outro.
É urgente que nos demos conta da importância do nosso papel na educação dos filhos. É urgente que tenhamos consciência da grandeza da nossa responsabilidade. É necessário que dediquemos tempo às crianças, a ouvi-las, a interagir com elas, pois o tempo da colheita se estreita dia-a-dia, e nós seremos os primeiros a ter o retorno desse investimento tão singular e tão importante para que tenhamos no mundo seres humanos melhores.

* Professora do Jardim de Infância
Autor: Silvana Corrêa

Um comentário:

Inácio Mossmann disse...

Silvana:

Te superastes. Parabéns!

Agora colocou as fotos.
São lindos de verdade.


Inácio